sábado, 13 de maio de 2017

Sonho.



Enquanto caminhava com passos lentos para a casa que habitava um sentimento de saudades tomou conta do coração de Franz.

Era um dos poucos lugares do Mundo dos Preocupados que ainda desfrutava de alguma tranqüilidade, nas ruas descuidadas entre as rachaduras das calçadas umas poucas plantas insistiam em brotar, mesmo diante do descaso dos que passavam que insistiam em pisar nelas.

Umas poucas árvores resistiam à falta de cuidados, abrindo rachaduras nas calçadas que as pessoas insistiam em preenche-las com concreto, faziam de conta que não entendiam que as rachaduras eram o resultado do ínfimo espaço que deixavam para que elas pudessem continuar a viver.

A poucos passos restara uma vala, deixada ao abandono de uma grande árvore que tinha sido arrancada da pouca terra que podia dispor, parece que as pessoas estavam cansadas por ela insistir em provocar rachaduras nas calçada, mas curiosamente a vala onde ela habitava fora deixada, aparentemente não tinham interesse sequer em tapar o buraco, do qual pequenos ramos do que restara das raízes da antiga árvore insistiam em brotar.

Desse lugar Franz já conseguia ver a calçada nua, também repleta de rachaduras da casa onde morava.

Ao olhar um pouco mais atentamente Franz teve dificuldades em acreditar em seus olhos, o Bill cão estava lá, esperando por ele.

Ao vê-lo o dócil cão com seu jeito estabanado disparou em direção a Franz, que desejou abraçá-lo e uma vez mais brincar com ele, mas enquanto corria apressado escorregou vindo a cair em um bueiro, muito próximo à vala onde antes havia uma grande árvore, que ele gostava muito.

O coração de Franz disparou e ele correu em direção ao bueiro.

De cima ouvia o choro angustiado de seu dócil companheiro, tinha que descer onde ele estava para ajudá-lo.

Teve que se deitar para passar pelo buraco estreito, o bueiro era maior que imaginava e estava escuro, levaria uns instantes para se acostumar com a pouca luz, mas agora o choro de seu dócil amigo era muito nítido.

Pelo sons de seu choro conseguiu se aproximar, quando tocou em sua cabeça seus olhos já tinham se acostumado com a pouca claridade, o pobre cão estava muito assustado.

Diferente do que imaginara, uma água límpida e cristalina corria pelo chão que estava coberto por uma areia branca muito fina.

Com calma abraçou o cachorro que estava todo molhado e com muita areia no pelo, ao sentir o contato se aninhou nos braços de Franz e parou de chorar.

Franz olhou em volta e percebeu que teria dificuldades em sair do bueiro, olhou pela fresta por onde entrara, mas percebeu que a entrada estava muito alta, se pulasse conseguiria segurar na beirada e subir, mas não sabia ainda como tirar o dócil Bill de lá de dentro.

- Meu amor, chegue mais perto, deixe que eu te ajudo.

Franz ficou incrédulo, mas não tinha dúvidas era a voz de sua doce Valkíria.

Junto à entrada do bueiro primeiro passou o dócil Bill para que ela o pegasse, que feliz começou a correr e pular em volta dela, pedindo carícias.

Valkíria se abaixou e esticou a mão para que Franz se apoiasse, com a ajuda não teve dificuldades em subir.

Ainda escalando se viu em um mundo todo diferente, estava em uma gruta construída com grandes pedras que estavam cobertas por musgo, no chão um gramado de verde intenso.

Já do lado de fora notou que o dia estava se findando, no horizonte um fundo alaranjado escuro mostrava onde o sol havia se posto.

- Meu amor quero um abraço bem gostoso, apertado.

Sussurrou Valkíria em seu ouvido.

- Meu amor, quantas saudades, nosso anjo veio me buscar para ficarmos juntos.

O dócil Bill já tinha se acalmado e agora andava ao lado de Franz que estava de mãos dadas com Valkíria caminhando direção à varanda da Casa do Gramado.

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