domingo, 4 de março de 2012

Magia e Encantos.




Quando criança ao caminhar pela trilha habitualmente Franz se deparava com seres que habitavam a floresta que o envolvia, esses sempre se confundiam com a paisagem, gostavam de ficar nas partes mais altas das árvores.

Pareciam ser seres tímidos, dificilmente podiam ser vistos uma segunda vez, quando percebiam que tinham sido descobertos em um piscar de olhos se camuflavam entre as folhas e ficavam em total silêncio.

Eles gostavam de observar aqueles que caminhavam pela trilha, mas frente à possibilidade de serem vistos ou tocados, invariavelmente desapareciam, eles tinham grande facilidade em se confundirem com arbustos, folhas e até mesmo entre os galhos das árvores.

Quando estava entre os preocupados era comum ouvir histórias sobre esses seres, havia até livros sobre eles, a sua mãe, e outros que se consideravam adultos algumas vezes liam essas histórias para que Franz conseguisse dormir e ter bons sonhos.

Curioso que esses adultos, ainda que nunca comentassem, invariavelmente não eram bons atores, era tão nítida a descrença deles nas histórias que contavam, mas ainda assim sentia prazer em ouvi-las, sabia que muitas delas tinham sido distorcidas pela percepção daqueles que liam para que ele fosse dormir, mas em nenhum momento sentiu que deveria falar algo sobre isso com os adultos.

Muitas vezes Franz sentiu a necessidade de comentar com os adultos ou até mesmo com outras crianças sobre esses seres que comumente ele via na trilha, mas de alguma forma ele sabia que nem as crianças e muito menos os adultos tinham a possibilidade de compreender o que ele tinha a dizer. Franz sentia que aqueles que conhecia no mundo dos preocupados dificilmente conseguiriam um dia sequer perceber a existência da trilha.

Ainda que pouco falasse com Valkíria, pois na maioria das vezes a simples presença, um olhar trocado com ela já dizia tudo que era necessário, quando ainda estava na trilha caminhando em direção à Casa do Gramado se deparou com um desses seres, com o qual trocou um longo olhar e queria falar com ela sobre esses que habitavam a trilha.

Tinha resolvido conversar no final da tarde, próximo ao anoitecer, quando habitualmente ficavam na varanda apreciando a Lua e a Grande Estrela Azul, mas nesse dia, tão logo os irmãos menores de Valkíria dormiram, aquele ser com que se encontrou quando estava caminhando pela trilha, veio fazer companhia a eles.

Ao olhar nos olhos de Valkíria, Franz sentiu que nenhuma palavra se fazia necessária, entre eles os sentimentos sempre trouxeram mais significados do que as palavras podem transmitir.

Um comentário:

  1. Nos faz imaginar, nos faz de uma certa forma sentir o que você escreveu, a visualizar os seres imaginários, muitos deles estão (ainda) em nossos caminhos.Esse encantamento dá magia à vida e aquece o coração.
    Adorei, como sempre ler-te é uma viagem por dentro da tua alma.
    Ler te dá asas!!!
    Ah, a profundidade de um olhar dispensa palavras.
    Parabéns e escreva sempre!

    Beijos.

    Marion

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