domingo, 7 de julho de 2013

A Bifurcação.




Quando ainda vivia entre os preocupados, em uma tarde fria de inverno Franz fazia esboços de uma antiga casa que logo seria demolida para a construção de um grande prédio. Essa simples idéia o incomodava profundamente, observando via uma construção maravilhosa, um lugar a ser restaurado.

Uma leve dor de cabeça que se iniciará do lado esquerdo de sua testa lentamente se espalhava por toda a sua fronte, ao mesmo tempo que causava um certo alívio na dimensão da dor também se tornava um incomodo ainda maior, pois ainda que a dor diminuísse ela agora ocupava uma parcela maior de sua cabaça.

O som agudo de uma buzina momentaneamente desviou sua atenção e, naquele momento achou que essa dor era oriunda dos ruídos dos automóveis que em grande quantidade circulava pela rua, estragando a paisagem, sujando e espalhando barulhos por onde passavam.

Voltou a se concentrar no que fazia e agora os ruídos pareciam distantes, quase desaparecendo e com esses também se esvaecia sua dor de cabeça.

Estava atento à grande janela em frente ao que um dia tinha sido um grande jardim, pensou nas árvores e flores que um dia lá vicejaram, agora só restava uma grande árvore, um ipê cujos galhos se estendiam em cima do telhado da casa, bem no centro e, entre restos de construção lá depositado uma vegetação rala vicejava.

Agora olhando o interior da sala, onde várias vezes vira uma adolescente sentada em um pequeno sofá, se distraindo com livros, via o pequeno sofá velho e puído com o estofamento rasgado e por traz desse a escada que dava acesso ao piso superior da casa, um dia esplendorosa, mas que agora parecia precária, apodrecida, que em breve cairia com a demolição da casa.

Fixo à janela o local ocupado pela escada lentamente se transformava em uma trilha cercada por uma densa floresta, seguindo-a lentamente com os olhos, percebeu que os sons vindos da rua desapareceram totalmente, deixando em seu lugar o total silêncio, só eventualmente quebrado pelo som de uma alguma folha que se desprendia das árvores vindo a se depositar no chão, permitindo que a vida se prolifere.

No caminho se deteve em frente à pequena bifurcação há muito conhecida, a vegetação era tão densa que só conseguia ver uns poucos metros adiante dela.

Ficou por horas observando, sentindo a vida que fervilhava ao seu redor, até sentir o frio percorrer seus braços e se espalhar por todo o corpo, ao olhar para o alto, a Grande Estrela Azul brilhava intensamente entre os galhos das árvores.

Um leve tremor percorreu seu corpo, já era noite nada mais poderia fazer nesse dia, ao menos onde estava, pensou em retornar ao seu pequeno apartamento e continuar seus esboços.

Ao dirigir um último olhar à janela pôde ver Valkíria, fechando o seu livro e se dirigindo à escada, agora com brilho de nova, lentamente a viu subindo se dirigindo ao que supôs ser o quarto dela.

Caminhando em direção ao seu apartamento sentiu que a Casa seria restaurada.

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