terça-feira, 9 de julho de 2013

Lembranças de Franz




Quando criança foram muitas as vezes que Franz caminhou pela trilha que ligava o lugar onde vivia no mundo dos Preocupados e a Casa do Gramado, mas nem sempre caminhava pela trilha que queria, algumas vezes andava pela trilha desejada.


A trilha que se desenhava estava ali para unir os corações de Valkíria e Franz.

Em uma dessas caminhadas Franz sentiu estar em uma trilha diferente quando estava à procura da Casa do Gramado, sentia que sempre que desejava bastava alguns passos e a clareira onde se encontrava a casa surgia, dessa vez já se sentia cansado, a trilha era acidentada, às vezes precisava se segurar em algum arbusto para poder caminhar, diferente da trilha que estava habituado a percorrer, algumas vezes ela era extensa, mas nunca oferecia dificuldades maiores para nela caminhar.

Quando pensava em voltar aos braços de seu mundo conhecido, que sempre o acolhia, mesmo permeado pelas preocupações, no final de uma reta conseguia ver um galpão, todo construído com pedaços de madeira.

Andou até próximo à sua porta, em seu interior, um senhor já idoso, lixava uma pequena tábua que estava apoiada em uma bancada.

Franz permaneceu por uns instantes à porta observando, em nada o lugar se assemelhava à Casa do Gramado, mas não deixava também de ser convidativo.

Sem se dar por conta percebeu que o senhor que trabalhava a madeira momentaneamente interrompera o seu trabalho e, também se deixou olhar nos olhos do pequeno Franz, parado diante da porta do galpão.

O senhor ao perceber a cena abaixou a cabeça e retornou ao seu trabalho. Lentamente Franz adentrou o galpão, ao fundo havia uma pequena mesa, nela havia um prato em seu centro com pequenos pedaços de pão de milho em seu interior. Franz sentou-se à mesa e continuou observando atentamente o trabalho do senhor, ao lado da mesa tinha ainda um pequeno fogão com chá e café para ser aquecido.

Por um longo tempo Franz ficou apenas observando, apreciando o trabalho que senhor, que por várias vezes dirigiu o olhar à mesa e à criança que se distraia com pequenos pedaços de madeira, deixados ao acaso em uma estante próxima à mesa.

Ao terminar de lixar a tábua o senhor pegou uma outra que se encontrava na bancada e as emparelhou, por um tempo as observou denotando uma certa incompreensão, elas tinham tamanhos diferentes, pensativo mediu as duas, confirmando aquilo que seus olhos já tinham apontado. Aparentemente desapontado deixou as duas tábuas em cima da bancada.

Nitidamente ficou à procura de algo que não estava encontrando, apalpou toda a parte superior da bancada, às vezes olhava para o chão, até que abriu uma gaveta e nela encontrou um pequeno lápis.

No momento seguinte passou a assobiar enquanto apoiou a tábua menor em cima da maior e, com o lápis fez um risco marcando a tábua maior deixando a referência para que ficasse do tamanho da menor.

Continuou seu assobio e desviou o olhar par Franz, que agora se deliciava com um pedaço do bolo de milho.

Lentamente se dirigiu à mesa parando em frente ao fogão aqueceu o café e o chá, vindo a se sentar ao lado de Franz, antes disso apanhou na estante duas xícaras e nelas despejou o chá e café agora aquecidos.

Ofereceu o chá a Franz e junto com o café também apreciou um pedaço do bolo de milho que estava no prato.

Por um longo momento permaneceram apenas se olhando apreciando aquela guloseima.

Ao se darem conta já estava entardecendo, a luz do sol se aproximando do horizonte agora adentrava o galpão.

Franz se levantou com calma e lentamente se dirigiu à porta, o senhor também levantou e se voltou às suas tábuas depositadas na bancada.

Na porta Franz parou por uns instantes e voltou seu olhar ao senhor que agora cerrava a tábua que tinha ficado ligeiramente maior, ao notar que era observado interrompeu seu trabalho e também voltou seu olhar a Franz.

Refletindo sobre o noite que se avizinhava Franz caminhou da porta em direção à trilha, nesse momento o senhor veio à porta e ficou olhou para Franz que lentamente desaparecia ao caminhar em direção ao mundo dos Preocupados.

Saudades de você minha doce Valkíria.

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