domingo, 8 de setembro de 2013

Freud-cão



Antes de ir à padaria parei em casa para apreciar meu cantinho, o céu tinha uma tonalidade azul-escuro, anunciando a noite que se avizinhava, pela fresta do portão que dá vistas à rua ao alto um pequeno traço do céu, a lua refletindo apenas um pequeno filete à sombra desse mundo que habitamos, o mundo dos Preocupados.

Acima da lua A Grande Estrela Azul brilha intensamente, desenhando a Trilha de acesso à Casa do Gramado.

No caminho da padaria, por uma rua deserta, com Valkíria ocupando todos os seus pensamentos e sentimentos, Franz se senta em um muro do jardim de um prédio, e aprecia a lua que brilha intensamente.

Do outro lado da rua, a poucos metros um grande cachorro, sozinho, para e observa atentamente a cena por um breve instante e desaparece.

Ao olhar novamente já não mais é possível identificar a rua, do outro lado da calçada, o verde escuro das Grandes Árvores divide dois mundos.

Quando estava entre os Preocupados, sempre foi muito difícil caminhar com o Freud-cão pelas ruas, ele sempre puxava com muita força quem o tentava conduzir, muitas vezes machucando as mãos de Franz que o tentava segurar e, também ferindo o próprio pescoço pelo esforço que fazia.

Olhando o outro lado da calçada agora ficava esclarecido, Freud-cão não nasceu para ser conduzido, nem tampouco para viver entre os Preocupados, ainda que se o deixassem fazer as próprias escolhas convivia muito bem eles.

Entre as Grandes Árvores do outro lado da calçada, uma pequena fresta, a Trilha que se desenha, ao chegar perto, ao fundo Franz percebeu Freud-cão caminhando tranquilamente entre as árvores, esse é o mundo dele, livre, solto, sem amarras, mas sempre acha um caminho através da Trilha para apreciar aqueles que gosta, quando não estão na Casa do Gramado.

No interior da Trilha, agora no escuro, só o brilho da Grande Estrela Azul adentra brandamente.

Em um breve olhar Freud-cão olha nos olhos de Franz, convidando-o, mas sente que não será acompanhado e desaparece na Trilha.

Num breve olhar Franz sente as Grandes Árvores do outro lado da calçada se apagarem dando lugar às casas que sempre ali estiveram.

Em direção à padaria Franz sente Freud-cão na varanda da Casa do Gramado, descansando junto com Nick, outros anjos e muitos seres encantados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário